Para citación de este artículo: de Souza Silva, F., de Oliveira, J. D., Gomes Nunes, S. y Callou Sampaio (2023). O projeto de extensão Shantala e seus desafios na pandemia: relato de experiência. Revista Masquedós, 8(10), 1-14. https://doi.org/10.58313/masquedos.2023.v8.n10.217.

Resumo

Em 2020 no Brasil iniciou - se uma problemática gerando situações desafiadoras relacionadas a uma emergência em saúde pública, a pandemia por coronavírus 2019 (Covid-19), a realização de atividades de extensão universitária foi readequada devido ao distanciamento social. Para o desenvolvimento do projeto de extensão- Shantala e seus benefícios na estratégia de saúde da família, vinculado à população composto por profissionais e futuros profissionais da enfermagem, foi necessário um acompanhamento dinâmico, através dos espaços virtuais, com readequação de suas atividades. Este relato de experiência foi desenvolvido por discentes do curso de enfermagem que atuaram no projeto entre 2019 e 2021, contando as atividades desenvolvidas e suas impressões ao longo do desenvolvimento do projeto. Buscando ferramentas para auxiliar nesse novo contexto, foram escolhidas três plataformas/redes sociais digitais: Instagram, Whatsapp e Google meet para produção e compartilhamento de conteúdo. Essas atividades virtuais proporcionaram aptidão no manuseio com as ferramentas tecnológicas até então subutilizadas, favoreceu o estabelecimento de vínculo com as pessoas, além de garantir a continuidade do projeto e a disseminação de conhecimento[1].

Palavras-chave: Extensão Universitária; Shantala; Pandemia; Atividades virtuais; Práticas de saúde Integrativas e Complementares.

Resumen

En 2020, en Brasil, comenzó un problema, generando situaciones desafiantes relacionadas con una emergencia de salud pública, la pandemia de coronavirus de 2019 (Covid-19), el desempeño de las actividades de extensión universitaria se reajustó debido al distanciamiento social. Para el desarrollo del proyecto de extensión - Shantala y sus beneficios en la estrategia de salud de la familia, vinculado a la población compuesta por profesionales y futuros profesionales de enfermería, fue necesario un seguimiento dinámico, a través de espacios virtuales, con reajuste de sus actividades. Este relato de experiencia fue desarrollado por estudiantes del curso de enfermería que trabajaron en el proyecto entre 2019 y 2021, relatando las actividades desarrolladas y sus impresiones a lo largo del desarrollo del proyecto. Buscando herramientas para ayudar en este nuevo contexto, se eligieron tres plataformas/redes sociales digitales: Instagram, Whatsapp y Google se encuentran para producir y compartir contenido. Estas actividades virtuales brindaron aptitud en el manejo de herramientas tecnológicas hasta entonces infrautilizadas, favorecieron el establecimiento de vínculos con las personas, además de garantizar la continuidad del proyecto y la difusión del conocimiento.

Palabras clave: Extensión Universitaria; Shantala; Pandemia; Actividades virtuales; Prácticas de Salud Integrativas y Complementarias.

Abstract

In 2020, in Brazil, a problem began, generating challenging situations related to public health emergencies. Due to the 2019 coronavirus pandemic (Covid-19), the performance of university extension activities were readjusted as a result of social distancing. As development of the extension project - Shantala and its benefits in the health strategy, linked to the population of professionals and future nursing professionals, a dynamic follow-up was necessary through virtual spaces, with readjustment of their activities. This experience was developed by students of the nursing course who worked on the project between 2019 and 2021, reporting the activities developed and their impressions throughout the process. Seeking tools to help in this new context, three platforms/digital social networks were chosen: Instagram, Whatsapp and Google Meet for content production and sharing. These virtual activities provided skills in handling technological tools that were underused until then. They promoted bonds among people, in addition to guaranteeing the continuity of the project and the dissemination of knowledge.

Keywords: University Extension; Shantala; Pandemic; Virtual activities; Integrative and Complementary Health Practices

Introdução

Em 2020 no Brasil iniciou-se uma problemática gerando situações desafiadoras relacionadas a uma emergência em saúde pública, a pandemia por coronavírus 2019 (Covid-19), uma crise de relevância mundial, que gerou diversas peculiaridades na realidade social, bem como prevalência da infecção e/ou recuperação por Covid-19 (Gusso et al., 2020).

Observou – se desafios com relação às perspectivas cotidianas e saberes pessoais com o enfrentamento e vivência com a Covid-19, assim, necessitou-se desenvolver um reconhecimento das particularidades de cada pessoa, e a influência nas ações de enfrentamento e desempenho das abordagens para a reconstrução e a atuação das atividades no contexto pandêmico (Lima, 2020).

Diversas situações desafiadoras são vivenciadas rotineiramente, mas principalmente no momento de distanciamento e isolamento em decorrência da pandemia por Covid-19 essas implicações na perspectiva do cuidado à saúde e educação, necessitam de uma nova articulação e acolhimento a fim de favorecer a resolutividade de possíveis problemas e garantir qualidade de vida no contexto vivenciado.

A realização de atividades foi readequada devido ao distanciamento social, recomendado pela situação da pandemia por Covid – 19. Com certa dificuldade, essa vivência desconstruiu uma dinâmica diária já estabelecida, devido a essa necessidade, novas relações virtuais foram estabelecidas no intuito de diminuir agravos relacionados a uma possível exposição presencial (Malta, 2021).

A ausência de atividades presenciais, devido ao distanciamento social e a necessidade de manter a continuidade das atividades, modificaram as formas de educação nas instituições de ensino, como é o caso da maioria das universidades, que precisaram adotar a orientação por meio da mediação tecnológica em todas as etapas do processo de trabalho e de ensino-aprendizagem (Costa & Souza, 2021).

É válido ressaltar a importância da universidade para a sociedade com o tripé de ensino, pesquisa e extensão, especialmente na manutenção e incentivo da troca de conhecimento. A possibilidade disso no momento pandêmico influenciou em um acompanhamento ainda que virtualmente, mas integral, possibilitando uma minimização dos prejuízos adquiridos, além de possibilitar o desenvolvimento e/ou aprimoramento de habilidades até então minimamente desenvolvidas (Costa & Souza, 2021).

Em busca de estratégias para o acompanhamento e realização de atividades, bem como adequação de acordo as necessidades de saúde, desenvolver a extensão nesse período priorizou - se elencar ações de orientações pautadas no intuito de potencializar o elo de interação entre o público e a universidade, bem como minimizar as adversidades trazidas pelo cenário pandêmico (Gusso et al., 2020).

Frente a isso, a atuação de um projeto de extensão vinculado a população composto por profissionais e futuros profissionais da enfermagem possibilitou um acompanhamento dinâmico, pautado em uma atuação concisa e singular, primordial em uma situação de vulnerabilidade devido à pandemia.

Desta forma, o objetivo deste estudo foi descrever a atuação do projeto de monitoria de extensão: A Técnica Shantala e seus benefícios na estratégia de saúde da família da Universidade do Estado da Bahia, campus VII, Senhor do Bonfim, Bahia, Brasil com o uso das redes sociais no período de distanciamento social por Covid-19, desenvolvido por docentes e discentes do curso de enfermagem.

Marco Teórico

Covid-19

Em todo o mundo no ano de 2020 vivenciou-se exponencialmente uma crise em saúde pública, gerando grandes desafios a população independentemente de classe econômica, padrão social e raça, todos experienciaram essa crise sanitária. Trata-se de uma infecção respiratória aguda por infecção do vírus SARS-CoV-2 (Covid-19) que é disseminada através secreções respiratórias no contato direto com pessoa infectada. Diante da capacidade de transmissibilidade do vírus, obteve-se como estratégias de saúde, o distanciamento e o isolamento social (Ribeiro et al., 2020).

Diante das implicações ocasionadas por tal situação pandêmica, foram necessárias estratégias para controlá-la. Assim, como prática de saúde adotou-se a promoção de barreiras sanitárias e isolamento social com objetivo de garantir proteção, bem como diminuir a incidência da doença (Ribeiro et al., 2020).

No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) as instituições de saúde atuaram como um importante meio de atendimento ao público que se deu para além da assistência clínica, através de orientações, escuta e rastreamento de quais quer problemas que influenciassem no bem-estar físico e psicológico das pessoas, que através do acolhimento pode dirimir o surgimento de possíveis problemas de saúde e garantir melhor qualidade de vida no enfrentamento da pandemia (Garcia & Duarte, 2020).

Nessa perspectiva, a abordagem e acompanhamento da população, no âmbito da saúde, foram restruturados por se tratar de uma situação difícil e desconhecida que modificou a dinâmica de convivência e a seguridade de tratamentos em saúde, de modo geral, já que o desconhecimento da patologia era evidente em todo o mundo (Garcia & Duarte, 2020).

Portanto, a equipe multiprofissional, mais do que nunca, se tornou imprescindível na dinâmica de acompanhamento às pessoas devido a situação de vulnerabilidade que todos enfrentavam, que através da troca de informações possibilitou uma assistência que garantisse promoção e prevenção minimizando os prejuízos e diminuindo os riscos de evolução da doença para a forma grave da doença e/ou morte (Garcia & Duarte, 2020).

Técnica Shantala

O desenvolvimento infantil compreende um processo que vai desde a concepção, envolvendo vários aspectos como o crescimento físico, maturação neurológica, comportamental, cognitiva, social e afetiva. Tem como objetivo tornar a criança competente para responder às suas necessidades e às do seu meio, considerando seu contexto de vida (Organização Pan Americana de Saúde, 2005).

O monitoramento do desenvolvimento da criança nos primeiros anos de vida é imprescindível, pois é nesta etapa da vida extrauterina que o tecido nervoso cresce e amadurece, estando sujeito aos agravos/doença. Também é neste período que a criança melhor responde aos estímulos recebidos do ambiente e às intervenções, devido a sua grande plasticidade cerebral (Ministério da Saúde, 2013; 2018).

Portanto, a técnica Shantala, se torna um instrumento muito importante para a vigilância e promoção da saúde infantil, essa técnica é uma massagem, que foi descoberta por um médico ginecologista e obstetra francês, Dr. Frédérick Leboyer. O nome dessa técnica, se deu, em homenagem a uma jovem mãe, de nome Shantala, que massageava seu bebê em plena rua de Calcutá na Índia (Leboyer, 2009; Vorpagel et al., 2021).

O objetivo da massagem Shantala é proporcionar ao bebê, intimidade e conforto através do relaxamento, além de proporcionar vínculo mãe-filho e/ou pai-filho. A massagem constrói uma relação saudável, equilibrada e de respeito mútuo, promovendo também o estímulo do sistema imunitário e hormonal da criança, permitindo o ganho de peso, diminuição do stress e o alívio de desconfortos (Leboyer, 2009).

A técnica Shantala é composta por dezenove passos, realizada no tórax, membros superiores, região abdominal, seguido da região posterior, nuca até o calcanhar, massageando por fim o rosto. Após os dezenove passos é realizado um alongamento com os membros inferiores e superiores (Vorpagel et al., 2021, p.4).

Durante a massagem na barriga, podem ser aliviadas as cólicas com movimentos leves de pressão, ajudando a eliminar os gases. Massageando as costas, alivia se a tensão entre as vértebras, causadas quando a criança fica muito tempo deitado. Após o momento da massagem, recomenda-se que seja dado um banho com água morna, afim de eliminar as tensões corporais e garantir sono tranquilo (Vorpagel et al., 2021, p.4).

Diversos estudos comprovam os efeitos fisiológicos e comportamentais proporcionados pela técnica Shantala, que ajuda no desenvolvimento neurológico, aumenta a resistência às doenças, auxilia na circulação, na respiração e na digestão, diminui dores, promove relaxamento, melhora o sono e a amamentação além de contribuir no aumento de peso (Nardo et al., 2014).

Além dos efeitos fisiológicos, os efeitos psicomotores e comportamentais também são beneficiados, através da percepção corporal, função motora e habilidade de coordenação. E a longo prazo, a prática da massagem atua na construção de confiança e autoestima, fortalecendo as relações interpessoais entre os pares (Nardo et al., 2014).

Uma revisão integrativa de literatura destaca que é possível observar os efeitos benéficos da Shantala em diferentes ambientes, desde o domiciliar até aqueles de cuidado coletivo, incluindo ambientes ambulatorial e escolar. A Shantala também ajuda no desenvolvimento motor de crianças com histórico clinico de deficiência bem como modificações nos padrões de sinais vitais, como frequência cardíaca (FC) e frequência respiratória além de marcadores bioquímicos do estresse, como o cortisol salivar por exemplo (Ribeiro-Lima & Cavalcante, 2020).

No Brasil, a técnica Shantala é disponibilizada no SUS, desde 2006, através da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). Essa técnica se torna viável e um excelente instrumento para a promoção do cuidado na puericultura, pois não necessita de equipamentos tecnológicos sofisticados e profissionais especializados (Portaria n ° 849, 2017; Mendes et al., 2019; Silva et al., 2020).

A disseminação dessa prática na Atenção Primária em Saúde (APS) reflete positivamente na saúde pública, pois contribui para a redução da morbimortalidade infantil. Entende se, assim, que o acompanhamento do desenvolvimento infantil, através da massagem, é tarefa essencial para a promoção à saúde no âmbito da saúde infantil (Carneiro et al., 2020).

Redes sociais

O surgimento da internet possibilitou diversas transformações em áreas como a comunicação, o entretenimento, o comercio, o trabalho e a educação. A criação da rede de internet foi de suma importância no sentido de mudanças tecnológicas e educacionais, aproximando pessoas e diferentes culturas. Para viabilizar esse processo de aproximação, diferentes mecanismos foram criados como os notebooks, tablets e smartphones (Santos & Rudnik, 2022).

Diante desse universo conectivo a partir da Internet, as redes sociais são laços ou teias que interligam os indivíduos uns aos outros, desde níveis mais básicos como níveis mais complexos. Isso possibilita a conexão entre diferentes indivíduos, criando relações conforme interesses em comum (Santos & Rudnik, 2022).

Dois elementos compõem a rede social: os autores que podem ser pessoas ou grupos, e as conexões, que são geradas a partir das interações realizadas pela Internet. A rede social fez emergir uma nova estrutura de sociedade, voltada para as produções de recursos online, como postagens, curtidas, compartilhamentos e divulgações de conteúdo (Santos & Rudnik, 2022).

A exemplo do Instagram, que é um aplicativo de rede social, voltado para publicação prioritária de imagens, previamente tratadas e editadas pelo usuário. A sua criação originalmente foi destinada para a utilização exclusiva em smartphones, as imagens são produzidas e instantaneamente publicadas, o que permite ao usuário interagir quase que em tempo real com os seus seguidores (Oliveira et al., 2021).

Em 2016 o aplicativo ganhou uma outra funcionalidade, chamada de stories, ou apenas histórias, que tem as mesmas características das publicações da timeline, mas permanecem disponíveis por apenas 24 horas. Essa funcionalidade permite compartilhar micro momentos do cotidiano do usuário e provoca o interesse dos seus seguidores. Por meio dos stories é possível elaborar testes e enquetes o que torna a comunicação mais interativa (Oliveira et al., 2021).

No Brasil o Instagram é a quarta rede social mais utilizada e se destaca por sua simplicidade de operação e por priorizar o compartilhamento de fotos e vídeos, permitindo uma rápida assimilação dos conteúdos pelos usuários (Oliveira et al., 2021).

Além do Instagram, outra rede muito utilizada é o WhatsApp, necessita da utilização da internet para que seja possível enviar e receber mensagens gratuitamente e de maneira ilimitada. A rede também permite que sejam compartilhadas diversas mídias como imagens, vídeos e mensagens de voz, o que facilita a comunicação em tempo real (Santos & Rudnik, 2022).

Durante a pandemia de Covid -19 a utilização das redes sociais foi um dos meios de interação das pessoas, contribuindo também para a inovação em diferentes contextos. O Instagram foi uma das redes utilizadas para a manutenção das relações pessoais, como também das diversas empresas e instituições para interagir com seus públicos de interesse (Oliveira et al., 2021).

Metodologia

Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, que descreve as atividades desenvolvidas por discentes da graduação em enfermagem da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), no Campus VII em Senhor do Bonfim, como monitoras do projeto de extensão - A técnica Shantala e seus benefícios na estratégia de Saúde da Família, durante a pandemia de Covid- 19 no período de 2019 a 2021.

O relato de experiência é um texto que descreve uma dada experiência, que possa contribuir de forma relevante para sua área de atuação. É a descrição de uma vivência profissional, que contribua com a discussão, a troca e a posição de ideias para melhorias do cuidado na saúde (Universidade Federal de Juiz de Fora, 2016).

Deste modo, ao considerar o relato de experiências como expressão escrita de vivências, e que trazem consigo a possibilidade de contribuir na produção e difusão de conhecimentos das mais variadas temáticas, podemos afirmar que a experiência “é vivida antes de ser captada pelo pensamento, apreendida pela reflexão, caracterizada em seus componentes” (Breton & Alves, 2021) e como tal assimilada como uma experiência distante, utilizada de forma intencional para compreensão crítico-reflexiva dos acontecimentos, ou seja, constituição analítica do conhecimento (Geertz, 2004; Mussi et al., 2021).

A técnica Shantala e seus benefícios na Estratégia de Saúde da Família é um projeto de extensão desenvolvido no Departamento de Educação, Campus VII da UNEB, na cidade de Senhor do Bonfim - BA, localizada no centro- norte, a 375 Km da capital Salvador.

O projeto atua desde 2016, promovendo prática integrativa de assistência às crianças nas unidades básicas de saúde e na universidade, impactando na diminuição da mortalidade infantil tardia, violências contra crianças e valorização da comunicação verbal e não verbal como ferramenta do cuidado.

As atividades são desenvolvidas por meio de oficinas, onde inicialmente é organizado o ambiente, deixando-o calmo e aconchegante, utiliza-se um óleo vegetal puro para simular a massagem, as monitoras abordam a história, os benefícios da massagem no desenvolvimento infantil e na interação familiar e ensinam o passo a passo em bonecas (os) para público em geral que tenham interesse em aprender a técnica.

Este é um relato de experiência, desenvolvido por discentes do curso de enfermagem que atuaram no projeto de 2019 a 2021, no qual trazem a narrativa das atividades desenvolvidas durante o período pandêmico e quais instrumentos foram utilizados para possibilitar a interação com a comunidade.

Resultados e Discussão

Com o advento da pandemia, o distanciamento social foi uma das medidas de segurança e controle da disseminação da COVID-19, com isso as atividades da universidade foram suspensas sem data prevista de retorno. Diante do cenário pandêmico e da incerteza do retorno das atividades presenciais, foi necessário reconfigurar a extensão universitária e buscar novas formas de atuar com a comunidade.

De acordo com Moura (2020), em períodos de pandemia a sociedade encontra-se vulnerável e assim, a extensão universitária pode contribuir aplicando diferentes projetos alcançando crianças, jovens, adultos e idosos, bem como trabalhar com temas ligados à educação, saúde, direitos humanos, pessoas com deficiência, violência, abandono, afrodescendentes, indígenas, entre outros.

Diante desse novo cenário, as ações de extensão passaram a encontrar desafios para se adaptar, diante das dificuldades de mobilidade para a realização das ações, levando em consideração o cumprimento do distanciamento social e das medidas de higienização impostas pelo período pandêmico. Frente a tais desafios um número considerável de instituições não realizaram atividades presenciais, encontrando no modelo remoto uma forma de permanecer interagindo com a comunidade (Mélo et al., 2021).

Dessa forma, buscamos ferramentas para nos auxiliar nesse novo contexto, escolhemos atuar com uma rede social, o Instagram, para produção e compartilhamento de conteúdo, estabelecendo como público alvo gestantes, puérperas, mães e responsáveis por bebês, estudantes e profissionais de saúde e pessoas interessadas no tema.

Com a criação do perfil no Instagram (@grupocuidarbemmais), foi possível fazer diversas postagens explicando a história, os benefícios da Shantala, o passo a passo de como realizar, aspectos do desenvolvimento infantil e formas de estimular o desenvolvimento.

Após escolha das temáticas, realizamos um cronograma de publicações onde cada monitora ficava responsável por confeccionar a postagem do dia. Uma das monitoras do projeto ficou responsável por receber as postagens confeccionadas, publicar na plataforma, monitorar curtidas e responder os comentários e/ou mensagens enviadas.

As postagens em formato de imagem foram feitas com auxílio do aplicativo Canva, que é uma plataforma de designer gráfico, onde os usuários podem criar diversos tipos de mídias para as redes sociais, apresentações e também confeccionar materiais de papelaria (Oliveira et al., 2022).

O Canva tornou-se uma considerável ferramenta digital na construção de conteúdo, pois auxilia no desenvolvimento de infográficos, contendo variados elementos visuais e textuais contribuindo com o estimulo da criatividade (Rocha & Morais, 2020).

A experiência com o Instagram foi muito enriquecedora, iniciamos com postagens de cartões simples, onde conseguimos aumentar de 20 curtidas para 197 em algumas postagens no formato de imagem. Além de receber elogios pelas temáticas abordadas.

Com o aprendizado na utilização da plataforma conseguimos evoluir para postagens em formato de vídeos, classificados pelo Instagram como Reels, o que garantiu um maior número de visualizações. Os vídeos eram produzidos pela plataforma Canva, algumas edições também eram feitas diretamente no Instagram e outras pelo aplicativo CapCut que é um editor de vídeos.

A primeira postagem nesse formato alcançou 109 contas e 95 visualizações, as publicações seguintes variaram entre 133 até 279 visualizações e o alcance variou entre 199 a 721 contas alcançadas.

O Instagram foi uma ferramenta essencial para que o projeto fosse amplamente conhecido. Alguns autores ressaltam que a rede social Instagram pode auxiliar na aprendizagem colaborativa e possibilitar o entendimento de conteúdos acadêmicos para toda sociedade (Romão & Junior, 2022). Além disso, possibilitou maior interação entre as participantes do projeto devido a necessidade de discussão sobre os temas abordados, confecção das postagens e divulgação na plataforma.

Outra ferramenta utilizada pelo grupo foi o Whatsapp, aplicativo de mensagens instantâneas e mensagens de voz. O Whatsapp apresenta vantagens para realização de educação em saúde devido a sua ampla utilização pela sociedade, facilidade na forma de uso além de promover interação instantânea, síncronas (Toquetto et al., 2021).

Por meio do Whatsapp criamos um grupo de gestantes que demonstraram interesse em receber informações sobre o tema, com o objetivo de compartilhar de forma direta os conteúdos, facilitando a comunicação e estreitamento de laços, elas poderiam a qualquer momento tirar dúvidas como também compartilhar vivências, ou até mesmo sair do grupo caso quisessem.

O contato com as gestantes para criação do grupo foi possível por meio das discentes, participantes do projeto, que estavam realizando a disciplina Estágio Supervisionado I em duas unidades básicas de saúde do município na qual se encontra a Universidade que fazemos parte.

Durante a realização das consultas de pré-natal as discentes abordavam as gestantes explicando sobre o tema e a existência do grupo no WhatsApp, que após manifestação de interesse em participar, eram adicionadas através do número telefônico.

Com o grupo já formado, toda semana uma monitora trabalhava um tema, enviávamos uma mensagem de voz ou de texto, explicando qual seria o tema da semana, juntamente com um vídeo ou imagem sobre o assunto. Após as gestantes contribuírem com perguntas ou relatarem sua experiência com o assunto, a monitora sanava as dúvidas e interagia com as participantes.

Durante o tempo de atuação do grupo, foi abordado sobre cuidados com o recém-nascido, amamentação, exames do recém-nascido, importância da caderneta de saúde da criança, como identificar atrasos no desenvolvimento infantil e também como estimular o desenvolvimento dos seus filhos (as).

De todos os assuntos abordados, a amamentação foi o tema que tivemos mais interações, as gestantes que estavam em sua segunda gravidez relataram as dificuldades para amamentar durante a primeira gestação. Esse foi um momento oportuno para as monitoras fazerem orientações sobre como elas poderiam estar se preparando para ter sucesso na amamentação, explicamos sobre pega correta, posições para amamentar, ordenha manual e armazenamento do leite.

Pensando no compromisso da universidade por meio da extensão, realizamos também uma capacitação para os agentes comunitários de saúde e discentes do curso de enfermagem do quinto ao nono período, articulando atividades de extensão e ensino através dos componentes curriculares obrigatórios Enfermagem em Atenção à Saúde da Criança e Estágio Curricular Supervisionado I e II, além de promover aprofundamento nos conhecimentos de assistência a gestantes, puérperas e responsáveis por crianças.

A extensão acadêmica tem como objetivo proporcionar o conhecimento aplicado à promoção de saberes, além de ampliar a visibilidade social da Universidade a partir de uma interação transformadora entre esta e os setores da sociedade. Tudo isso direcionado para proporcionar e qualificar uma aprendizagem ativa aos estudantes e, principalmente, possibilitar intervenções que envolvam a comunidade externa (Bertulino et al., 2020).

Cabe destacar aqui a importância de projetos e atividades que promovem a articulação entre ensino e extensão, visando o fortalecimento da autonomia universitária através do desenvolvimento de uma abordagem pedagógica contextualizada sócio-político-culturalmente e adaptada às necessidades profissionais e às demandas do mercado de trabalho, em concordância com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos de graduação na área das saúde e da enfermagem, que estabelecem as competências e habilidades necessárias ao pleno desempenho profissional.

A capacitação ocorreu por meio da plataforma Google meet, serviço de comunicação por vídeo do Google. Foram realizados cinco encontros virtuais, com 05 ACS da Estratégia de Saúde da Família Missão do Shay, zona rural de Senhor do Bonfim, Bahia. Essa unidade foi escolhida devido a facilidade de comunicação com a equipe de saúde, já que a docente coordenadora do projeto trabalhava com esta comunidade.

Em cada encontro foi abordado um módulo com as temáticas, desenvolvimento infantil, estimulação do desenvolvimento infantil, cuidados gerais com o bebê, história, preparação e passo a passo da Shantala e seus benefícios.

Todos esses temas foram abordados pelas monitoras por meio de apresentação de slides, ao final das apresentações eram abertos espaços para as discussões sobre a temática abordada, garantindo a participação dos ACS. Ao final, fazíamos questionamentos, se eles já tinham conhecimento de algo que foi abordado, se conseguiam identificar pessoas no território para repassar aquelas informações e se achavam a temática importante.

Durante esses encontros os ACS relataram algumas situações vivenciadas principalmente em relação a grande vulnerabilidade das famílias do território que pertenciam, relatavam que conseguiram identificar sinais de atraso no desenvolvimento infantil e dificuldades de aceitação da família em relação aos diagnósticos e acompanhamento por profissionais de saúde.

Tendo em vista a importância de fomentar discussões sobre a saúde da criança na Estratégia de Saúde da Família (ESF), a participação dos ACS nesta atividade promovida pela extensão universitária, proporcionou a promoção da saúde, prevenção de agravos no publico infantil, maior atenção e cuidado no atendimento ás crianças, além de possibilitar discussões sobre o cuidado infantil entre os membros da equipe multidisciplinar da equipe de saúde.

Portanto, estas atividades virtuais proporcionaram aptidão no manuseio com as ferramentas tecnológicas até então subutilizadas, favoreceu o vínculo com as pessoas da comunidade, além de garantir a continuidade do projeto e a disseminação de conhecimento.

Conclusão

As atribuições estratégicas e complexas de uma monitoria de extensão representam grande destaque na perspectiva do cuidado em saúde, assim compreender a importância do dinamismo nas práticas referentes ao cotidiano é algo necessário, tendo em vista que extensão universitária é um dos pilares da universidade que busca inserção da comunidade em suas ações.

Mesmo ocorrendo a interação das atividades por intermédio das mídias sociais, a influência quanto ao vínculo e conhecimento das atividades, a influência no bem-estar físico e psicológico da população vinculada a extensão, conseguiu proporcionar acolhimento favorecendo grande resolutividade no que diz respeito a interagir, mesmo que virtual, com as pessoas da comunidade interna e externa da Universidade.

Considerando a importância da extensão e os fatos citados, observa-se positiva a atuação de monitoria na perspectiva do cuidado à saúde, garantindo a participação de estudantes nessas atividades, fortalecendo o vínculo científico além de dar continuidade nas ações de promoção e prevenção da saúde melhorando a qualidade de vida das pessoas.

A construção deste relato de experiencias contribuiu sobremaneira para a reflexão do processo ensino-aprendizagem e proporcional aproximações teórico-metodológicas considerando a necessidade de uma formação contextualizada e comprometida com os contextos social, político e cultural das comunidades a serem assistidas.

Referências

Bertulino, A. T., da Silva Pereira, A. V., Lima Couto, M. C., & de Couto Peixoto, T. R. (2021). O Instagram como ferramenta de comunicação e integração entre universidade e comunidade no projeto pro mente. Revista De Extensão Da UPE, 5(1), 19–29. https://doi.org/10.56148/2675-2328reupe.v5n1.230.pp19-29

Breton, H. & Alves, C. A. (2021). A narração da experiência vivida face ao “problema difícil” da experiência: entre memória passiva e historicidade. Revista Práxis Educacional, Vitória da Conquista, 17(44), 1-14. https://periodicos2.uesb.br/index.php/praxis/article/view/8013/5526.

Carneiro, D. R., Santos, E. S., Oliveira, G. P. L., Neves, L. N. A., & Araújo, M. R. S. (2020). A Shantala na atenção primária à saúde para promoção do cuidado infantil: relato de experiência. Rev Enferm UFPI. https://doi.org/10.26694/reufpi.v9i0.8794

Costa, W. C., & Souza, R. P. L. (2021). A pandemia e o ensino remoto na Universidade Federal de Santa Catarina. Revista de Educação Superior do SENAC- RS, 14(2). https://doi.org/10.24936/2177-4986.v14n2.2021.845

Garcia, L. P., & Duarte, E. (2020). Intervenções não farmacológicas para o enfrentamento à epidemia da COVID-19 no Brasil. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 29 (2).

Geertz, C. (2004). Esistere è avere fiducia nel proprio modo d’essere:Rituali come sistemi modello. In L. Cimmino, & A. Santambrogio, Antropologia e interpretazione: Il contributo di Clifford Geertz allescienze sociali (pp. 211-230). Perugia, UM: Morlacchi.

Gusso, H. L., Archer, A. B., Luiz, F. B., Sahão, F. T., Luca, G. G., Henklain, M. H. O, et al. (2020). Ensino superior em tempos de pandemia: diretrizes à gestão universitária. Educ. Soc. 41(e238957), 1-27. https://doi.org/10.1590/ES.238957

Leboyer, F. (2009). Shantala: uma arte tradicional massagem para bebês. (8ªed). Editora Ground.

Lima, N. T. (2020). A pandemia de COVID-19: uma crise sanitária e humanitária. Cad. Saúde Pública, 36(7):e00177020.

Malta, D. C. (2021). A pandemia de COVID-19 e mudanças nos estilos de vida dos adolescentes brasileiros. Rev Bras Epidemiol, 24: E210012.

Mélo, C. B., Farias, G. D., Nunes, V. R. R., Andrade, T. S. A. B. de, & Piagge, C. S. L. D. (2021). University extension in Brazil and its challenges during the COVID-19 pandemic. Research, Society and Development, 10 (3): e1210312991. https://doi.org/10.33448/rsd-v10i3.12991

Mendes, D. S., Moraes, F. S., Lima, G. O., Silva, P. R., Cunha, T. A., Crossetti, M. G. O., & Riegel. (2019). Benefícios das práticas integrativas e complementares no cuidado de enfermagem/ Benefits of integrative and complementary practices in nursing care/ Beneficios de las prácticas integrativas y complementarias en el cuidado de enfermería. Journal Health NPEPS, 4(1), 302–318. https://periodicos.unemat.br/index.php/jhnpeps/article/view/3452

Ministério da Saúde. (2013). Caderneta de Saúde da Criança, 8°ed.

Ministério da Saúde. (2018). Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança: orientações para implementação.

Moura, M. E. (2020). Pandemia COVID-19: a extensão universitária pode contribuir. Revista Práticas em Extensão, 4 (1), 56-57.

Mussi, R. F; Flores, F. F & Almeida, C. B. (2021). Pressupostos para a elaboração de relato de experiência como conhecimento científico. Práxis Educacional, 17 (48), 60-77. https://doi.org/10.22481/praxisedu.v17i48.9010.

Nardo, L. R., Silva, S. S & Marin, M. J. (2014). Massagem Shatala: uma revisão integrativa. Atas – Investigação Qualitativa em Ciências Sociais, 3. https://proceedings.ciaiq.org/index.php/CIAIQ/article/view/484

Oliveira, M. V. M., Costa, E. L. S. & Pereira, L. G. (2022) Uso da plataforma Canva como estratégia didática nas aulas de educação física durante o ensino remoto. Anais do VIII ENALIC, Campina Grande: Realize editora. https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/85057

Oliveira, P. M., Brasileiro, B. G., Rodrigues, F. L. A. & Ferreira, M. E. R. (2021). Utilização pedagógica da rede social Instagram. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, 13 (2), 05-17. 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/utilizacao-pedagogica.

Organização Pan Americana de Saúde. (2005). Manual para vigilância do desenvolvimento infantil no contexto da AIDPI. Washington, D.C.: OPAS.

Portaria nº 849, de 27 de março de 2017. Inclui a Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança Circular, Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia, Reflexoterapia, Reiki, Shantala, Terapia Comunitária Integrativa e Yoga à Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt0849_28_03_2017.html

Ribeiro, A. P., Moraes, C. L. D., Sousa, E. R. D., & Giacomin, K. (2020). O que fazer para cuidar das pessoas idosas e evitar as violências em época de pandemia? [S.l.]: Abrasco

Ribeiro-Lima, T. V., & CavalcanteL. I. C. (2020). Shantala para promoção da saúde e conforto de bebês: revisão de literatura. Revista Eletrônica Acervo Saúde, (48), e2375. https://doi.org/10.25248/reas.e2375.2020

Rocha, R. S. & Moraes, B. L. C. (2020). Aplicação de ferramenta digital utilizando a Gallery Walk: o uso do canva como estratégia didática no ensino técnico. Anais do Congresso Internacional de Educação e Tecnologias e Encontro de pesquisadores em Educação a distância. https://cietenped.ufscar.br/submissao/index.php/2020/issue/archive

Romão, K. H. O., & Júnior, C. A. da S. (2022). Instagram como ferramenta na divulgação científica e extensão universitária / Instagram as a tool for scientific dissemination and university extension. Brazilian Journal of Health Review, 5(3), 10679–10691. https://doi.org/10.34119/bjhrv5n3-226

Santos, R. O & Rudnik, R. M. (2022). Instagram e a educação: algumas considerações. Rev. Bras. Educ., 27. https://doi.org/10.1590/S1413-24782022270099

Silva, G. K. F., Souza, I. M. C., Cabral, M. E. G., Bezerra, A. F. B. & Guimarães. M. B. L. (2020). Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares: trajetória e desafios em 30 anos do SUS. Physis: Revista de Saúde Coletiva [online], 30 (01) https://doi.org/10.1590/S0103-73312020300110

Toquetto, V., Gomes, G. da S. T., Costenaro, R., Gelaleti, R. B., & Sakamoto, S. R. (2021). Whatsapp® como recurso para educação em saúde: Revisão integrativa / WhatsApp® as a resource for health education: Integrative review. Brazilian Journal of Development, 7(12), 118496–118509. https://doi.org/10.34117/bjdv7n12-556

Universidade Federal de Juiz de Fora. (2016). Instrutivo para elaboração de relato de experiência. https://www.ufjf.br/nutricaogv/files/2016/03/Orienta%C3%A7%C3%B5es-Elabora%C3%A7%C3%A3o-de-Relato-de-Experi%C3%AAncia.pdf

Vorpagel, K. M., Schein. J. L., Sausen, D., Cargnin, M.B. & Pagno, A. R. (2021). Práticas integrativas e complementares no cuidado a saúde da criança: Shantala, uma revisão narrativa. Congresso Internacional em Saúde (8) https://publicacoeseventos.unijui.edu.br/index.php/conintsau/article/view/19173/17906

Esta obra está bajo una Licencia Creative Commons Atribución-NoComercial-CompartirIgual 4.0 Internacional

^{^[1]}O resumo deste artigo foi publicado nos Anais do encontro de discentes pesquisadores e extensionistas. V.01, N.01 (2022). https://revistas.uneb.br/index.php/edpe/article/view/15478